“Drop no Fantástico Mundo da Cannabis” foi apresentado nesta quarta-feira (16), na Sala Nelson Pereira dos Santos, e uniu ciência, arte e afeto em uma experiência sensorial inédita.
Com uma proposta ousada e original, o monólogo “Drop no Fantástico Mundo da Cannabis” levou ao palco da Sala Nelson Pereira dos Santos, em São Domingos (Niterói), uma experiência que mescla ciência, ludicidade e sensorialidade para provocar uma nova percepção sobre a planta cannabis e seus usos na sociedade contemporânea. O espetáculo foi apresentado nesta quarta-feira, 16 de julho, com casa cheia e forte impacto emocional na plateia.
Interpretado pelo ator Frederico Pantaleão e escrito pelo médico neurologista Lucas Cury, o espetáculo propôs uma jornada poética pelo sistema endocanabinoide do corpo humano, conectando temas como saúde mental, neurodiversidade, memória e afeto. Tudo isso de forma metafórica, delicada e sem abrir mão da complexidade do assunto. A direção é assinada por Ricardo Lyra, com trilha sonora de Mumu e recursos audiovisuais que ampliam a experiência sensorial do público.
Embora tenha como pano de fundo a cannabis medicinal, a peça não se limita à defesa de seu uso. Ao contrário: apresenta também os riscos do uso recreativo, especialmente entre adolescentes, e rejeita rótulos como “apologia” ou “panfleto”. “Queremos rever estigmas, não vender uma ideia simplista ou milagrosa da cannabis”, afirmou Lucas Cury após a apresentação. “A peça é mais para ser sentida do que entendida”, completou.
Pantaleão, que atua como embaixador de marcas ligadas ao setor canábico, reforçou que o objetivo é instigar sensações e reflexões. “Não é uma peça sobre maconha ou gente doidona. É sobre corpo, sociedade e memória. As pessoas vão se surpreender.”
O título, “Drop”, faz alusão tanto à palavra inglesa para “gota” — referência direta aos óleos medicinais — quanto à ideia de “cair”, no sentido de atravessar experiências. O texto nasceu a partir da linguagem lúdica que Cury desenvolveu ao atender crianças autistas em seu consultório, uma maneira mais acessível de comunicar os efeitos e limitações da cannabis medicinal. “Sempre tive receio de parecer um charlatão escrevendo uma peça, porque não sou artista. Mas entendi que minha função era passar sentimentos, não vender tratamentos”, contou o médico, que vive em Niterói há cinco anos.
O espetáculo marca um novo momento no diálogo entre arte e ciência no Brasil, e reacende o debate sobre o potencial da cannabis como ferramenta terapêutica — não só no campo médico, mas também no simbólico, onde se constrói a percepção social sobre a planta.
Com forte apelo sensorial, “Drop no Fantástico Mundo da Cannabis” se consolida como uma peça provocadora e necessária. Ao sair do teatro, o público levava mais do que informações: levava sensações.
