Parceria com The Green Hub e Instituto Ficus busca preparar o país para regulamentação e potencial econômico da planta
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) anunciou um acordo de cooperação técnica com a The Green Hub e o Instituto Ficus para desenvolver pesquisas e inteligência estratégica voltadas à cadeia da cannabis e do cânhamo no Brasil. A iniciativa, batizada de Hemptech Brasil, pretende gerar conhecimento e capacitação para impulsionar o cultivo da planta e suas múltiplas aplicações no agronegócio.
O movimento acontece em um momento decisivo: a Anvisa, o Ministério da Agricultura e o Ministério da Saúde trabalham na regulamentação do cultivo de cânhamo industrial, após determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Em 2024, o tribunal decidiu que variedades de cannabis com até 0,3% de THC não devem ser enquadradas como drogas ilícitas, abrindo espaço para regulamentações agrícolas, alimentares e industriais.
A decisão do STJ deu prazo até setembro para que a Anvisa publique regras específicas. Inicialmente, a obrigação imediata da agência é voltada ao uso medicinal e farmacêutico, mas a regulamentação do cânhamo pode ser ampliada em função do potencial econômico da planta. Seus grãos podem ser utilizados na alimentação humana e animal, enquanto as fibras servem à indústria de papel, bioplásticos e têxteis.
Potencial bilionário
Hoje, o mercado global de cânhamo movimenta cerca de US$ 7 bilhões ao ano, com estimativas de triplicar até 2034. No Brasil, o tema tem ganhado apoio dentro do próprio governo: o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion, já se manifestou favoravelmente à regulamentação.
A aproximação entre ciência, setor produtivo e associações é vista como estratégica para que o país não perca espaço em um mercado global em expansão. A colaboração entre a Embrapa, The Green Hub e Instituto Ficus representa um passo importante para estruturar a cadeia produtiva nacional, estimulando inovação, sustentabilidade e competitividade no agronegócio.
