Costumamos falar muito do canabidiol – CBD – e do THC. Mas, como já vimos, existem centenas de canabinoides presentes na cannabis. Por conta dos longos anos de proibição, a pesquisa sobre estes compostos ficou defasada e, somente agora com a cannabis ganhando cada vez mais espaço na sociedade, estamos conhecendo um pouco mais sobre eles. Nesta semana eu resolvi falar sobre um que vem ganhando espaço e demonstrando ser muito útil no sono, apetite, possui propriedades antibióticas e anti-inflamatórias e, também, atua no controle da dor: o cannabinol, ou CBN.
Como surge o CBN?
Há um composto na cannabis chamado CBGa (ácido canabigerólico) que é como a mãe de todos os outros canabinoides. É o “canabinoide de células-tronco” que se converte em THCa, CBDa, CBCa e CBGa. Ele faz isso por meio de diferentes tipos de biossíntese, onde os produtos químicos se combinam para formar novos compostos. Uma vez que a cannabis é aquecida, no entanto, esses ácidos são descarboxilados, perdem o carbono, e se tornam os canabinoides com os quais estamos tão familiarizados: THC, CBD, CBC e CBD. O canabinoide, CBN é o que acontece após a exposição aos elementos (calor e luz especialmente) e a oxidação do THC. O CBN não tem efeitos intoxicantes como o THC. Ele é encontrado apenas em pequenas quantidades na planta de cannabis.
CBN para o controle da dor
Em um estudo em animais de 2019, o CBN isolado foi relatado para aliviar a dor musculoesquelética. No entanto, a combinação de CBN e CBD produziu resultados mais duradouros, apoiando a teoria do efeito comitiva – que já vimos por aqui.
Como o CBN tem uma afinidade particular pelos receptores CB2, localizados em todo o sistema imunológico, muitos estudos indicam que esse receptor desempenha um papel fundamental na modulação da função imunológica. A ativação do receptor CB2 já demonstrou reduzir a inflamação, que está fortemente envolvida na resposta do corpo a doenças autoimunes.
E é justamente esta capacidade do CBN de interagir com os receptores CB2, que faz com que ele surja como uma alternativa no tratamento de doenças autoimunes, como artrite reumatóide, esclerose múltipla e doença inflamatória intestinal.
Sono
O CBN tem recebido muita atenção por sua capacidade de induzir o sono, ele é um sedativo poderoso. Estudos já indicaram que a combinação de CBN e THC resulta em um efeito de sono super poderoso.
CBN como um Neuroprotetor
Um estudo com roedores realizado pela Federação Mundial de Grupo de Pesquisa em Neurologia sobre Doenças do Neurônio Motor (2005) descobriu que o CBN é benéfico em retardar o início da esclerose lateral amiotrófica (ELA). Os pesquisadores descobriram que a aplicação de CBN durante um período de doze semanas “atrasa significativamente o início da doença”.
As propriedades antibacterianas do CBN
Uma outra área em que o CBN demonstra efetividade é no combate ao problema da resistência aos antibióticos. Um estudo italiano – publicado no Journal of Natural Products (2008) – sugeriu que ele exibia “atividade potente contra uma variedade de cepas de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) de relevância clínica atual”.
O CBN pode ser encontrado em óleos e adesivos transdérmicos. Estes adesivos apresentam soluções concentradas do CBN, já os óleos trazem outros canabinoides, auxiliando, assim, o desenvolvimento do efeito comitiva. No geral, se você procura uma boa noite de sono, o CBN pode ser ainda melhor que o THC. Apesar de ser . Por isso, antes de começar qualquer tratamento, lembre-se sempre de conversar com o seu médico.
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* Dra. Amanda Medeiros Dias (Crm 39.234 PR) é médica formada em 2017, com pós-graduação em pediatria e nutrologia pediátrica e, atualmente, está cursando Psiquiatria Infantil pelo CBI Miami. Possui Certificação Internacional Green Flower de Medicina Endocanabinoide. Tem experiência na prática clínica com crianças e adultos, visão integrativa olhando o paciente como um todo, possui experiência prática mesclando medicina com aromaterapia e cromoterapia, com foco na visão holística. Além de prescritora, é paciente de cannabis medicinal desde 2018. Também é diretora técnica no Instituto Coração Valente e médica voluntária em projetos da UNA (Unidos pela Amazônia).