Os animais de estimação, hoje, são mais do que companhias para o dia a dia: sãoparte da família. E isso não somos nós que estamos dizendo, mas, sim, a pesquisa realizada em 2019 pela Comac (Comissão de Animais de Companhia), que mostrou que 96% dosbrasileiros que têm gatos em casa e 95% daqueles que têm cães consideram a saúde dos pets tão importante quanto a de um membro da família.
Diante desse fato e da realidade de que o Brasil tem a terceira maior indústria do mundo voltada para pets, é difícil não parar para imaginar como seria um mercado de cannabis medicinal para esses animais no país. Afinal, esse é um setor que vem apresentando crescimento significativo onde há regulamentação, como nos Estados Unidos, em que forammovimentados US$ 25 milhões em apenas quatro anos.
Regulamentação de cannabis para pets no Brasil
Enquanto isso, no Brasil, a regulamentação atual contempla apenas o uso medicinal de cannabis para humanos, ainda que com uma série de restrições. O consumo para petsé proibido, mas algumas brechas legislativas, além da alta demanda por esses produtos, fazem com que os veterinários prescrevam esses medicamentos para seus pacientes e tutores mesmo assim. Ainda, apesar da legislação, existemváriosderivados de cannabis voltados para animais de estimação disponíveis em marketplaces que já realizam a venda para o Brasil.
A falta dessa regulamentação é um risco para os profissionais de saúdeque prescrevem os medicamentos sem autorização, bem como para os animais de estimação que estãosujeitos a produtos que normalmente são receitados para humanos e, portanto, contêm ingredientes que podem ser tóxicos aos seus organismos. Mas, mais do que isso, uma ausência regulatória significa impedir um tratamento digno para osnossos queridos pets, o desenvolvimento de empresas do ramoe o crescimento econômico em torno desse mercado.
O potencial do mercado canábico para animais
Para fins de compreensão, com uma regulamentação,seriam milhares de cachorros egatos elegíveis ao uso de cannabis para fins terapêuticos no Brasil – os dados completos estarão disponíveis no nosso novo relatório “Cannabis no mercado pet”, que lançará no dia 11 de julho.No material,estimamos que uma quantidade imensa de animaispoderiam receber um tratamento fitoterápico com poucos efeitos colaterais para suas condições médicas ou problemas de comportamento.Assim, beneficiando, em conjunto, os tutores que têm seu dia a dia e psicológico profundamente afetados pelas questões de saúde de seus bichanos.
Os ganhos econômicos tambémseriam enormes, sendo possível arrecadar impostos suficientes para implementar programas voltados para a saúde e o acolhimento animal, além de oferecer novas oportunidades para profissionais da medicina veterinária que, hoje, se deparam com um setor saturado devido avasta quantidade de trabalhadores e cursos disponíveis no país.
Dito isso, é não só importantecomo urgente tomar um primeiro passo para incluir os animais de estimação na regulamentação sobre a cannabis para uso medicinal no Brasil. Projetos como o PL 369, apensado ao PL 399/2015 e que visa a autorização do uso veterinário de derivados da Cannabis sativa L, devem avançar no Congresso, e outras propostas de lei com finalidades semelhantes precisam surgir ou receber continuidade.Para isso, também é necessário informar e combater o estigma que existe em torno desse assunto.Afinal, em uma sociedade onde os pets são tão valorizados, por que não proporcionar qualidade de vida para esses animais que também têm sistema endocanabinoide e são afetados por uma diversidade de condições médicas, as quais podem ter seus sintomas atenuados pelo uso da cannabis?
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*Escrito por Maria Eugenia Riscala e Thiago Cardoso.
Maria Eugenia é a CEO da Kaya Mind – atua diretamente no atendimento e prospecção de clientes e parceiros, além de ser administradora financeira da operação. Já Thiago Cardoso é o CIO na empresa, chefe de inteligência de mercado e dados, trabalhando com o time para entregar os melhores projetos, além de ser o Data Protection Officer da companhia.
A Kaya Mind transforma informações e dados em insights e análises para o setor da cannabis, cânhamo e seus periféricos a partir de metodologias quantitativas e qualitativas. Eles sabem do potencial desse mercado, assim como o impacto que a regulamentação pode ter na vida das pessoas, desde que seja feita de maneira responsável. Querem auxiliar profissionais, negócios, empresas e governos a compreenderem um mercado ainda sem respostas.