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A cannabis já está liberada no Brasil – mas para quem?

by contato

O uso medicinal da cannabis já é uma realidade no Brasil. Milhares de pacientes realizam tratamento à base dos benefícios da planta, médicos e profissionais da saúde se propõem a prescrever medicamentos de cannabis, empresas e outras instituições estão cada vez mais interessadas em se estabelecer no Brasil para contribuir com o mercado, e há uma variedade gigante de derivados da planta disponíveis para uso no país. 

Apesar da regulamentação autorizar a cannabis medicinal e essa indústria estar crescendo em território nacional,o acesso ao tratamento à base da planta é muito restrito. Como a legislação não inclui o cultivo da cannabis no país nem para fins terapêuticos, a via de acesso se baseia, principalmente, na importação, o que aumenta significativamente o preço dos produtos e burocratiza a possibilidade de compra. 

Ah, mas e as associações de cannabis e os produtos das farmácias? Bom, mesmo que as associações tenham um papel fundamental na democratização do uso da cannabis, infelizmente são poucas que detêm autorização para cultivo para produzir seus próprios medicamentos ou que são permitidas a comercializar produtos financeiramente mais acessíveis. Já os artigos das farmácias são poucos e menos variados, além de contarem com insumos importados, o que ainda mantém os preços altos.

Dessa forma, com os custos de medicamentos à base da cannabis nas alturas, a maioria da população brasileira não consegue arcar com o tratamento. Afinal, osalário médio mensal per capita em 2021 foi de R$ 1.353, o menor valor da série histórica da PNAD Contínua, e que quase equivale ao salário-mínimo do período (R$ 1.100). Além disso, hoje, no Brasil, 33,1 milhões de pessoas estão na situação mais grave de insegurança alimentar, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN). Comprar medicamentos à base da cannabis, portanto, não é prioridade: a comida que é.

O acesso à saúde, no entanto, também é direito básico. Mesmo que milhares façam uso medicinal da cannabis hoje, os pacientes que poderiam ser beneficiados por suas propriedades terapêuticas são ainda mais numerosos, já que muitos brasileiros são acometidos por condições médicas que poderiam ter seus sintomas atenuados pela planta. Segundo a Kaya Mind, por volta de 6,9 milhões de pessoas poderiam ser tratadas com cannabis no Brasil caso a regulamentação incluísse o cultivo.

É um número extremamente expressivo em comparação com os 150 mil pacientes hoje estimados pela Kaya Mind, que, em sua maioria, têm condição financeira suficiente para arcar com os custos dos medicamentos importados. Podemos concluir, portanto, que, mesmo que hoje existam exceções judiciais que acessibilizam o tratamento à base de cannabis, como as associações de cultivo, os habeas corpus, o SUS e a cobertura de planos de saúde, é a minoria mais privilegiada que têm acesso à cannabis medicinal no Brasil. E esse acesso deveria ser para todos.

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*Escrito por Maria Eugenia Riscala e Thiago Cardoso.
Maria Eugenia é a CEO da Kaya Mind – atua diretamente no atendimento e prospecção de clientes e parceiros, além de ser administradora financeira da operação. Já Thiago Cardoso é o CIO na empresa, chefe de inteligência de mercado e dados, trabalhando com o time para entregar os melhores projetos, além de ser o Data Protection Officer da companhia.
A Kaya Mind transforma informações e dados em insights e análises para o setor da cannabis, cânhamo e seus periféricos a partir de metodologias quantitativas e qualitativas. Eles sabem do potencial desse mercado, assim como o impacto que a regulamentação pode ter na vida das pessoas, desde que seja feita de maneira responsável. Querem auxiliar profissionais, negócios, empresas e governos a compreenderem um mercado ainda sem respostas.

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