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Anutin Charnvirakul, defensor da cannabis medicinal, deve assumir o comando do governo da Tailândia

by Redação

O magnata e político Anutin Charnvirakul, líder do conservador Partido Bhumjaithai e conhecido por ter sido o principal articulador da legalização da cannabis medicinal na Tailândia, desponta como favorito para se tornar o próximo primeiro-ministro do país. O movimento político acontece em meio ao desgaste do proibicionismo e a um cenário de instabilidade institucional que já custou o cargo da ex-premiê Paetongtarn Shinawatra.

Anutin recebeu o apoio do oposicionista Partido do Povo, que condicionou os votos necessários à sua eleição a um compromisso de dissolver o Parlamento em até quatro meses e abrir o processo de reforma constitucional, possivelmente por meio de referendo. A medida busca devolver protagonismo popular a um sistema político historicamente marcado pela repressão e por sucessivas intervenções judiciais.

A trajetória de Anutin carrega um simbolismo particular: como ministro da Saúde durante a pandemia, ele liderou a agenda que transformou a Tailândia no primeiro país asiático a legalizar a cannabis medicinal. Essa conquista não apenas abriu caminho para milhares de pacientes terem acesso a tratamentos antes criminalizados, como também impulsionou o debate global sobre os impactos da guerra às drogas.

A crise política atual se agravou após a Corte Constitucional destituir Paetongtarn Shinawatra, acusada de conduta antiética em um impasse fronteiriço com o Camboja. O tribunal, conhecido por dissolver partidos progressistas e criminalizar lideranças reformistas, tem sido peça central na manutenção de uma política de exclusão e bloqueio de pautas democráticas — inclusive as ligadas a direitos civis e políticas de drogas mais humanas.

Com 143 cadeiras conquistadas nas eleições de 2023, o Partido do Povo tornou-se o fiador de qualquer arranjo de governo, ainda que não possa indicar um candidato próprio devido a decisões judiciais. Seu líder, Natthaphong Ruengpanyawut, afirmou que a prioridade é criar condições para eleições livres e mudanças estruturais na Constituição, deixando claro que o acordo com Anutin busca mais uma abertura democrática do que uma aliança política.

A eventual ascensão de Anutin pode representar um marco duplo para a Tailândia: por um lado, consolida uma figura ligada à legalização da cannabis em uma posição de poder central; por outro, aprofunda o debate sobre a necessidade de superar o modelo proibicionista que ainda criminaliza pacientes e limita o desenvolvimento de políticas de saúde baseadas em evidências científicas.

Se confirmado, o movimento simbolizará não apenas um novo capítulo da política tailandesa, mas também uma vitória parcial contra a lógica da proibição que, em todo o mundo, continua custando vidas e direitos.

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