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Unesc conduz estudo inédito sobre uso de Cannabis medicinal e exercício físico em pacientes com Parkinson

by Redação

Pesquisa pioneira avalia segurança e efeitos terapêuticos da combinação em estágios iniciais da doença, com apoio da Santa Cannabis

Uma pesquisa inédita realizada na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) vem avaliando os efeitos da Cannabis medicinal associada ao exercício físico em pessoas com doença de Parkinson em estágios iniciais. O estudo, que segue até 15 de dezembro, já apresenta resultados positivos quanto à segurança e à adesão dos participantes.

O projeto é desenvolvido dentro do Programa de Atendimento aos Portadores de Parkinson (ProPark), que há anos oferece acompanhamento físico e terapêutico a pessoas com a doença. Agora, o grupo integra o ensaio clínico conduzido pelo Laboratório de Fisiopatologia Experimental da Unesc, em parceria com o Laboratório de Plantas Medicinais e com apoio da Santa Cannabis, associação nacional de referência no uso medicinal da planta.

A reitora em exercício da Unesc, Gisele Silveira Coelho Lopes, destacou a relevância da pesquisa. “Estudos como este, que unem ciência, saúde e compromisso social, demonstram a força do conhecimento produzido aqui. É motivo de grande satisfação ver o engajamento da nossa comunidade acadêmica em um estudo pioneiro, que coloca a Unesc entre as universidades de vanguarda na produção científica nacional.”

A professora e coordenadora da equipe farmacêutica, Flávia Rigo, explicou que o ensaio clínico é duplo-cego e randomizado, garantindo rigor científico. O protocolo prevê duas sessões semanais de exercícios físicos de 45 minutos, durante 12 semanas, com atividades que envolvem alongamentos, treinos aeróbicos, exercícios de força e técnicas de equilíbrio.

“Temos 44 pacientes participando, metade usando óleo full spectrum, com compostos da planta, e metade com placebo, sem canabinoides. Nenhum participante apresentou reações adversas significativas até o momento, o que já é um dado muito relevante”, afirma Flávia.

Durante o tratamento, os voluntários tomam o óleo por via oral, com dose inicial de duas gotas pela manhã e duas à noite, aumentando conforme a tolerância individual. O acompanhamento é semanal e conduzido por equipes médica e farmacêutica. “O tratamento é seguro, e todos estão se mantendo firmes, o que demonstra confiança no processo e a responsabilidade da equipe envolvida”, complementa Flávia.

Além da administração do óleo, todos os participantes realizam as sessões de exercício físico sob coordenação da professora e fisioterapeuta Rúbia Pereira Zaccaron, responsável pelo ProPark. “O exercício é essencial para manter a funcionalidade e a autonomia. A Cannabis entra como uma possibilidade de potencializar os efeitos terapêuticos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, destaca Rúbia.

O estudo inclui também análises laboratoriais, com coletas de sangue antes e depois do tratamento para avaliar funções hepática, renal e parâmetros inflamatórios. O objetivo é verificar se o uso do óleo contribui para reduzir a inflamação associada à fisiopatologia da doença.

A Santa Cannabis é responsável por fornecer gratuitamente os óleos padronizados e rastreáveis utilizados na pesquisa. Após o término do estudo, os pacientes do grupo placebo poderão iniciar o tratamento com o óleo completo por mais três meses. “Essa parceria é essencial para garantir qualidade e segurança. É um passo importante para gerar evidências sobre o uso responsável e científico da Cannabis medicinal no Brasil”, reforça o presidente da associação, Pedro Sabaciauskis.

O projeto é conduzido por uma equipe multidisciplinar das áreas de Fisioterapia, Farmácia e Medicina, sob coordenação do professor Paulo Cesar Lock Silveira, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, e da professora Patrícia de Aguiar Amaral, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais. O acompanhamento clínico é feito em parceria com o Instituto Cannabis na Prática (iCnP), coordenado pelo médico Guilherme Neri, da Paraíba.

Os primeiros resultados científicos devem ser divulgados em janeiro de 2026. “Estamos muito otimistas com a adesão e o engajamento dos participantes. Precisamos de mais pesquisas como essa para embasar o uso clínico da Cannabis com segurança, ética e evidência científica”, finaliza Flávia.

No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil pessoas convivam com o Parkinson, uma doença neurodegenerativa progressiva ligada ao envelhecimento, que afeta a motricidade e pode comprometer funções cognitivas e metabólicas.

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