Pesquisadores identificam que a adição de cânhamo à bebida aumenta compostos bioativos e vitaminas sem comprometer o processo de fabricação
Um estudo financiado pelo governo da Polônia demonstrou que a adição de sementes de cânhamo durante o processo de fabricação de cerveja pode ampliar o valor nutricional da bebida, além de conferir características sensoriais únicas.
Segundo os cientistas, o produto final — seja a cerveja ou o mosto de cevada enriquecido com cânhamo — combina as qualidades tradicionais da bebida com benefícios associados aos compostos bioativos da planta. A pesquisa foi publicada neste mês na revista científica Molecules.
Foram testadas cervejas produzidas com até 30% de sementes de cânhamo maltadas e não maltadas, em comparação a uma formulação padrão apenas com malte de cevada. O resultado mostrou que a adição das sementes aumentou a presença de polifenóis, vitaminas e até mesmo canabinoides não psicoativos.
As sementes de cânhamo são ricas em proteínas, açúcares fermentáveis, polifenóis e canabinoides, além de ácidos graxos insaturados e aminoácidos essenciais. Esses compostos apresentam propriedades anti-inflamatórias, imunomodulatórias e neuroprotetoras já confirmadas em diferentes estudos.
Entre os benefícios encontrados, os pesquisadores destacaram o aumento de vitamina B2 (riboflavina), essencial para o metabolismo da levedura durante a fermentação e para o valor nutricional da cerveja. Além disso, as sementes não maltadas enriqueceram o mosto com ácidos fenólicos de ação antioxidante e anti-inflamatória.
O estudo também analisou a presença de diferentes canabinoides, como CBD, CBG, CBC e CBN. Embora as concentrações sejam baixas, os autores reforçam que esses compostos podem contribuir para as propriedades funcionais da bebida.
Apesar do potencial, os pesquisadores lembram que ainda existem desafios tecnológicos e de custo para ampliar a produção comercial de cervejas com cânhamo. Mesmo assim, o mercado global de produtos derivados da planta cresce de forma acelerada, com estimativa de expansão anual de 17,1% entre 2023 e 2030.
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Agricultura de Cracóvia, da Universidade Eslovaca de Agricultura em Nitra, da Universidade de Lomza e da Universidade de Vármia e Mazúria em Olsztyn.
O avanço acontece em meio ao aumento do interesse por bebidas à base de cannabis. Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente revelou que um em cada três trabalhadores das gerações millennial e Z já substitui o álcool por bebidas com THC em encontros sociais e happy hours.
