Projeção é impulsionada por mudanças regulatórias em discussão na Anvisa
Um levantamento da farmacêutica Ease Labs revelou que o mercado de cannabis medicinal no Brasil pode alcançar R$ 15 bilhões até 2034. A projeção foi divulgada pelo portal Sechat e leva em consideração o possível avanço na flexibilização das regras que regulam o setor, especialmente a revisão da RDC 327/2019, em discussão na Anvisa.
As alterações em análise podem ampliar significativamente o uso da cannabis medicinal em áreas como odontologia, dermatologia e farmácias de manipulação. Outro ponto central é o possível abrandamento da exigência de receita, que atualmente precisa ser do tipo azul e passaria a ser branca — medida que facilitaria o acesso ao tratamento por um número ainda maior de pacientes.
O debate em torno da revisão normativa mobilizou diferentes setores da sociedade civil. Uma consulta pública foi aberta em março de 2025 para colher contribuições sobre o tema. Quando encerrada, em 2 de julho, já havia recebido 1.476 manifestações, que serão utilizadas pela Anvisa para refinar o texto final da nova regulamentação.
O mercado de cannabis medicinal já apresenta crescimento acelerado. Em 2024, as vendas de produtos do segmento aumentaram 65%, segundo dados da Close-Up International. Estima-se que existam hoje no Brasil cerca de 55 mil médicos prescritores, e esse número deve acompanhar a curva de crescimento da demanda, que pode ultrapassar 2 milhões de pacientes até 2030.
Para atender essa expansão, o país precisará investir aproximadamente R$ 1,23 bilhão no plantio de mais de 64 mil hectares de cânhamo industrial. Os dados fazem parte do relatório “O que o Brasil ganha com o cultivo do cânhamo?”, elaborado pela Biodendro Consultoria Florestal e publicado pelo Instituto Escolhas.
O estudo também aponta que a construção dessa estrutura pode gerar quase 15 mil empregos diretos, capturar 1,1 milhão de toneladas de CO₂ e garantir uma receita líquida de R$ 5,76 milhões — o que representa um retorno de quase cinco vezes o valor investido.