Um novo estudo sobre o uso de opioides prescritos em Utah após a legalização da cannabis medicinal no estado sugere que a disponibilidade de cannabis legal reduziu o uso de opioides por pacientes com dor crônica e também ajudou a diminuir as mortes por overdose de medicamentos prescritos em todo o estado.
“Desde a legalização da cannabis medicinal em 2018, houve uma redução notável nas mortes relacionadas a opioides prescritos no estado”, diz o relatório. “Essa mudança sugere que a introdução da cannabis como uma alternativa terapêutica pode ter contribuído para uma redução no uso de opioides entre pacientes que buscam alívio da dor.”
Membros do Conselho Consultivo de Políticas de Cannabis Medicinal de Utah ouviram uma apresentação na semana passada sobre a pesquisa, que foi preparada pela empresa de análise Management Science Associates (MSA). No geral, os resultados do estudo indicam que “a cannabis tem um papel substancial a desempenhar no controle da dor e na redução do uso de opioides”, diz.
“À medida que a comunidade médica continua buscando opções mais seguras de controle da dor”, conclui o relatório, “a cannabis pode se tornar um componente essencial das estratégias de tratamento, principalmente para pacientes com dor crônica”.
“Essas descobertas apoiam a hipótese de que a cannabis pode reduzir significativamente o uso de opioides entre pacientes com dor crônica”, acrescenta. “Isso é crucial, pois fornece um caminho potencial para lidar com a dependência de opioides, oferecendo uma alternativa menos viciante para o gerenciamento da dor crônica com menos efeitos colaterais.”
Os resultados reforçam as descobertas de um estudo semelhante que a empresa conduziu em Minnesota, disseram os autores, e adicionalmente “alinham-se com a literatura anterior indicando que a cannabis medicinal pode servir como uma terapia adjuvante eficaz para a dor crônica, levando a uma redução significativa no uso de opioides”.
O novo estudo da MSA que foi apresentado na reunião do conselho consultivo avaliou 186 pacientes com dor, observando transações em dispensários de maconha medicinal e comparando esses dados com registros médicos “usando [um] sistema de desidentificação patenteado pela MSA e compatível com HIPAA”.
Os pacientes foram divididos aproximadamente igualmente entre mulheres (54 por cento) e homens (45 por cento) e eram predominantemente brancos (87 por cento). As idades variaram de 23 a 89, com uma média de idade de 49. Praticamente todos (98,9 por cento) eram de Utah, com um pequeno número de Oregon e Novo México.
Mais da metade (57%) tinha dor musculoesquelética crônica, diz o estudo, enquanto 19% tinham dor visceral crônica, 13% tinham dor de cabeça crônica e dor orofacial, 4% tinham dor primária crônica, 3% tinham dor neuropática crônica e 2% tinham dor pós-traumática e pós-cirúrgica crônica.
Mais de 8 em cada 10 pacientes (84,4%) diminuíram o uso de opioides, medido em equivalentes de miligramas de morfina (MME).
“Especificamente, houve uma redução de 53,1%”, diz o relatório da MSA. “A média de MME/mês no período antes do uso de cannabis foi de 3832 MMD/mês, e após começar a cannabis observamos uma média de 1798 MME/mês.”
Enquanto muitos pacientes relataram mais de um tipo de dor, os resultados mostraram que a maioria dos que reduziram suas prescrições de opioides durante o uso de cannabis sofreu de dor musculoesquelética crônica. A redução mais acentuada em opioides, enquanto isso, foi entre pessoas com dor neuropática crônica.
Uma pesquisa separada publicada no início deste ano descobriu que mais da metade (57%) dos pacientes com dor musculoesquelética crônica disseram que a cannabis era mais eficaz do que outros medicamentos analgésicos, enquanto 40% relataram redução no uso de outros analgésicos desde que começaram a usar maconha .
Apenas uma categoria de condições no novo estudo de Utah — dor de cabeça crônica e dor orofacial — foi associada a aumentos no uso de opioides. Essas condições foram associadas a um aumento de 20,6% no consumo de opioides, em comparação a uma redução de 10,9% a 73,5% entre todas as outras condições no estudo.
Pessoas que fumavam tabaco antes de começar a usar maconha também observaram um aumento no consumo de opioides depois de começar a usar cannabis, diz o relatório.
Apesar das novas evidências sugerirem quedas no consumo de opioides e mortes por overdose em Utah após a legalização da maconha medicinal, o novo estudo diz que mais pesquisas são necessárias.
“Nossos resultados sugerem que, embora haja evidências apoiando a eficácia da cannabis na redução do uso de opioides, estudos maiores são necessários para confirmar essas descobertas e refinar os protocolos de tratamento com cannabis”, escreveram os autores. Eles recomendaram que estudos futuros também se concentrem em populações maiores e mais diversas, bem como em dosagens específicas de canabinoides.